23.12.09

Paroxítonas.

No fim é tudo carbônico. tudo ascende e declina numa velocidade inabalável, o fósforo no cigarro, o cigarro em meus dedos, meus dedos no ar, o ar em meus pulmões, meus pulmões no tempo, o tempo. o tempo é um ceifeiro louco abatedor de cabeças. incorruptível, inalcançável, todas as paroxítonas soberbas e irrevogáveis, o tempo o é.
o tempo é uma besta sem rédias carregando ante si a carroça torta dos meus dias, carroça de madeira podre sobre rodas de aço inoxidável,
paroxítonas titânicas, o tempo o é.
marteladas de carvão e carne, faiscas nos ossos e asfalto, corrói nervos e barro, pedras e pensamentos, o tempo o é.
as cordas frouxas entre minhas mãos rasgadas e o pescoço do monstro das horas sempre ficam neste quase escapa, neste quase enforca, no fim é tudo carbônico.

e o eterno é só uma gota de suor que escorre na testa do animal
que puxa a carroça maltratada de mim.

no fim é tudo um processo cartesiano - carbônico,
e o lúdico morre n'um canto mordido da boca.


_

Nenhum comentário: