22.11.09

Regaço

Os dentes mordem a gimba amarela como se fosse o própio demônio, pedaços sugestivos de raiva do dia, dentes como o metal mais duro desta terra de ninguém, pro inferno com o malgrado do dia. o chão é um trinco só de ponta a ponta, o sol abriu o crânio do mundo sob meus pés, titânico e funesto, o mundo continua a girar sobre os passos do dançarino ébrio, continua a me girar pra algum lado que eu nem sei onde, 360 alcoolizados graus. pernas suando frio, andando frio no meio fio cortante, sola dos pés grossas como se fossem os lábios do própio demônio, ruas estreitas e compridas como as veias estridentes do meu pulso, caminho cardiaco, venoso, lascas sugestivas de raiva do dia, pro inferno com os maldizeres do dia.


Teve o tempo o breve intento
de correr no contratempo do aço
no braço esquerdo do meu pensamento
no instante sem esquadro do teu regaço.


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