9.1.09

Arranha - céus, céus arranhados

Passos gigantes como o ronco grave dos motores dos coletivos e uma alma tão pequena quanto a sujeira que entra no olho e faz chorar... será o contrário? será um avesso grafado na garganta inflamada, irritada e demente de tantas palavras gritáveis e sufocadas? Será uma alma tão grande quanto o espaço entre a calçada suja dos jornais já lidos, dos plásticos bio indegradáveis dos fastfoods cancerígenos, deste chão até a luz mais alta, a última luz entre os arranha - céus em concreto e os céus arranhados e doentes de poluição, será esta a medida maior? Será tudo uma grande sujeira que entra nos olhos dos céus arranhados e os faz chorar? O chão é tão sujo e os céus tão bolorentos, é tudo uma casa mal cuidada e fétida. Garrafas d'água e latas de cerveja e de refrigerante e sacos de salgadinhos gordurosos e gimbas e caixas de cigarros já vazias e sacolas pretas e cinzas e brancas e copos de plástico e gente dormindo junto a saída do metrô e toda uma reza murmurada com o pensamento de causar a falta de ar nos olhos e a fadiga na língua quieta só de pensar em ser castigada a ler as coisas sujas e doloridas do urbano. o mundo urbano é uma total falta de vírgulas e de paz exterior, o ser urbano é uma voz contínua e incalável, ao passo que inaudível ...


"and a little rain, never hurt no one.
and a little rain, never hurt no one..."


Tom waits - Little rain ( For clyde )


6.1.09

Coisas brilhantes

Com a pulseira quebrada, o relógio de pulso viaja infermo no bolso, com algumas moedas e a caixa de cigarros pela metade, num ruído metálico no rítmo dos passos, um relógio velho e arranhado. algumas moedas de dinheiro pequeno, sujas e foscas, o homem segue com passos foscos, com olhos estatelados e sujos, o caminho velho e arranhado em direção a qualquer coisa que conserte suas horas quebradas e devolva o controle do tempo ao seu pulso.


" As coisas que um corvo coloca em seu ninho
são sempre coisas que ele acha melhor pois são brilhantes,
De alguma forma eles encontrarão um centavo brilhante,
um fio de prata de um cordão,
Os corvos sempre andam com coisas brilhantes...

Deixe-me sozinho senhora grande Lua
A luz que você eleva é apenas uma mentira
Você é como os corvos, porque se faz brilhar
Você está vestida para ir embora,
eu sei que você adivinhou...
Você sempre se agarra às coisas brilhantes.

Nós vamos, eu não dançarei esta noite,
se virando com as coisas que se têm,
Embora eu só queira as coisas brilhantes,
embora eu só queira me tornar um rei,
um rei para seus olhos,
Para ser a sua única coisa brilhante..."



Tom waits - Shiny things