30.3.10

22

Vinte e dois minutos para escrever qualquer coisa. há um sol louco do lado de fora, rasgando o céu preto como se fosse papel carbono, logo vai chover, gotas de céu rasgado. há muito lixo nas calçadas, a chuva sempre entope algum lugar quando escoa, chuva como pensamento, leva o lixo das palavras sempre pra algum lugar. o que por vezes não se vê ao corriqueiro, mas sempre se vê quando chove. gotas rasgadas do céu carbônico, a entupir os cantos sujos das calçadas, a cal do tempo em vinte e dois minutos, deixa corroer o que falta correr...



gotas de carbono descascam os prédios velhos do centro,
minhas retinas como o mais velho dos prédios do centro.


chove como um hematoma, n'um céu de sangue pisado,
deixa a ferida abrir, deixa chover...





Vinte e dois minutos para escrever qualquer coisa.


_