18.7.09

Cão

Os olhos cansados do cão, coração esfarelado como migalhas de pão, o são e salvo do calvo que olha por detras da janela, no aquário da aquarela em preto e branco, no banco que amarela no canto da praça, a graça que descolore com o ataque do tempo, o vento que assovia o cheiro cinza do carbono, coração esfarelado como migalhas de pão.

O cão do olhar cansado fita o andar apressado dos que correm contra a sinaleta, dos que empenham essa vencida vendeta contra o relógio do vencer fatigado. assustado o cão do olhar cansado se debruça no escuro do entre ruas, sua retina crua e seu passo sem percauços, com seu olhar cansado e seus pensamentos descalços, observa o fim da tarde de fronte a rua que corre e arde, que morre e encarde um pouco mais os que ali derremam pressa.

As ruas se esvaziam, o amarelado dá lugar a escuridão e em um canto seco da esquina, guardado da garoa e da neblina, adormece o cão, dos olhos cansados e do coração esfarelado como migalhas de pão.


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14.7.09

Pueril

balanço os braços do pensamento, acorrentados...
a ferrugem do ferro atado, sangra o azul firme do céu.

balanço as correntes dos braços, em pensamento...
o ferro atado sangra a ferrugem azul do céu firme.

penso acorrentado pelos braços do pensamento, balanço...
firme posto ferro, o céu azul sangra à ferrugem atada.

braços do pensamento acorrentados no balanço...
sangram azul - firme, atados a ferrugem do céu a ferro.




— incontáveis frases e inconjuntas horas.
poemas poeiris não tomam o azul dos céus,
o balanço da ferrugem, as correntes dos braços
ou o sangue do pensamento.


poemas pueris não tropeçam em meus dedos.


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