17.4.09

Folha

A folha verde se despreende do galho alto, da árvore que faz sombra ao homem menor. este ouve o vento e a persegue pelos poucos metros que esta se faz liberta do mundo e voa alta e maior, ele a vê pequena e longínqüa, rasgando os céus num ziguezaguear manso e sem obrigação, mas o vento é senhor assim como é a vida, e sem propósito abandona o sopro e a folha nos céus, e a folha cai, seca e estática, aos pés oblíquos e agora maiores do homem, a folha agora menor, o homem... o homem agora maior, mesmo que só com passos a seu dispor, o homem servo do vento e da vida.

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14.4.09

Ourives

Ourives, ouvires falar do brilho do pensamento? ouvires falhar o trilho do firmamento? ou vistes ralhar o crivo do julgamento? que num momento faz do céu réu, e da terra que erra faz ornamento, de azul provida, faz absolvida.

Ao invés do agora, preferira outrora, pois o agora já não demora em ir, e o outrora por sua vez já foi embora e ir, pro outrora é coisa feita, mesmo que torta é coisa perfeita, mesmo que manca é direita, é trilha certa e estreita. não se cai no outrora, só no porvir do pós - agora, não se mete a ir, posto que a hora do partir já se foi, e o que foi se pos a despedir - se em brasa, na asa minúscula do distante, na casa que durou um feito instante, e que dali em diante, se fez eterno passado. o passado não tem rima.


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