26.6.09

Porcos e cães

O rio corre manso a favor da queda, da morte... pacífico segue rumo ao penhasco, em sua margem não há certo ou errado, o porco do mato e o cão doméstico bebem da mesma água, que segue a mesma calmaria, que morre na mesma foz.

O rio da vida, da vida dos porcos do mato e dos cães de casa, o rio da vida de todo qualquer ser segue manso a favor da queda, da morte... rumo ao penhasco, mas há muito o que colher em suas margens no pouco tempo entre as ondas e a queda. o verde do mato rasteiro é agradável para quem observa o sol poente, roçar os dedos sujos de terra no agudo da erva antes que o sol morra, antes que o frio do fim da tarde engula o agradável da brisa, antes que o frio mate a vontade pelo dia.

O rio da vida arrasta as folhas mortas, os gravetos e o espírito de qualquer um. as mãos finas e compridas, macias e impiedosas que arrastam tudo, que calam e que dão voz a tudo, num ciclo infindável e inoxidável de folhas e gravetos e espíritos...


O rio da vida, dos porcos e dos cães, dos bons e dos maus, o rio da vida das ondas de tempo que devoram tudo com a paciência de um ancião, os rios da vida que morrem na foz, cerrados contra o horizonte como meus olhos de pensamentos inacabados.



O rio da vida que balança meus ossos nas ondas do tempo.
meus pensamentos de folhas mortas e gravetos.
meus pensamentos de porcos do mato e cães domésticos.
meus pensamentos de horizontes inacabados.


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Um comentário:

Anônimo disse...

Que o mundo bem pode ser cão
Mas pode também ser celebração
Pra quem solta a imaginação
Escapa pela contra-mão