11.11.08

Moedas

Com uns seis anos, o menino cego do olho direito entra vagão a vagão, descalço e com as roupas amareladas e sujas nas barras, ele pede as moedas que chaqüalham nos bolsos, as moedas que vão dormir no canto das estante quando você chegar exausto em casa, as moedas que você vai comprar um cigarro, uma bala, as moedas que você vai perder quando correr para pegar o ônibus ou se proteger da chuva num canto coberto, ele apenas quer as moedas, sua mão suja e pequena se estente na direção de todos, o vagão dos bancos lotados, um ou dois escavaqueiam os bolsos atras do que ele precisa pra sobreviver, as malditas moedas que não te servem de nada, mas que são a única coisa que ele precisa. Pro inferno com a terra das moedas valiosas, Pro inferno com a terra das moedas que não valem nada, Pro inferno com a terra das moedas que valem uma vida.



Rage against the machine - Freedon

3 comentários:

Anônimo disse...

Nem tudo é preto no branco, mas definitivamente é esse cinza apático de todos que incomoda, que embrulha o estomago.


Ps. Aposto que vc quis escrever " favas" haha.

Beijos, meu bem querer.

Adriano Queiroz disse...

Complexidades.
Nosso olhar se revolta, sim.
Preciso dizer que esta questão é complicada, para esconder meu medo de que sejam simples as soluções.

Victor Canti disse...

"a terra das moedas que valem uma vida", realmente, que mundo é esse, quantas contradições...
muito boa sua reflexão, foi em detalhes que representam a podridão do todo, temos que fazer nossa parte pelo bem do que acreditamos...
abraço