13.11.08

Afronte à Cruz e Souza

Versos meus, de encontro à Antífona.


Ò forma turva, cinza, forma escura
de penumbra, de névoa, de neblina!
Ò forma vil, soturna, feita em sina...
Perfume maculado da candura

Formas do torpor, definhada, suja,
de meretrises, noites pavorosas...
noturna luz fosca, luz que me fuja,
que me roube das flores rancorosas.

Indecifráveis canções amornadas
simplórias do dedilhar e do som
Horas vãs, em cinza - cru desgastadas
Relicário cuja paz não traz tom

Cegueira casta, murmúrios bravios,
sussuro de débeis vozes vorazes...
Como o urro dos ancorados navios,
do praguejar sob os santos altares...

Agourados espíritos etéreos,
míticos, inóspitos, maculados,
grafados à torpe são os funéreos
senhores dos versos aqui findados.

Da insônia as mais cinzas blasfemidades
que surjam, que se debrussem na Estrofe
e as emoções, as infermidades
da alma do Verso, que na boca mofe.

Que a luz finda dos astros em colápso,
sucumba e deflagre a rima atroz, vil
Que turve o pensamento todo em lápso:
Deserto escurecido e poeiril.

Forças terminais, eclodem em desgraça
de carnes de mulher, pecaminosas...
Todo este declínio pelos céus passa...
na asa do Corvo que devora rosas.

Um comentário:

Anônimo disse...

Dizus meu bem, quando eu acho que você ficou mais leve, você suga o que me resta de cérebro,rs.

"Da insônia as mais cinzas blasfemidades
que surjam, que se debrussem na Estrofe
e as emoções, as infermidades
da alma do Verso, que na boca mofe."


Forte, duro, sujo, perfeito!

Meu poeta!:*