19.10.08

Ao quase inaudível

Às três e vinte da manhã, acordado com uma das mãos sob a cabeça, forçando os olhos na penumbra da meia luz que vem do banheiro, pra contar as rachaduras grandes que o teto cultiva ano a ano... e um desapego qualquer toma o ambiente, o silêncio pacífico da madrugada, o absoluto silêncio d'um cão que ladra solitário e distante, ao longe, ao quase inaudível.

"então, então você acha que consegue distinguir o céu do inferno, céus azuis da dor?
você consegue distinguir um campo verde de um frio trilho de aço? um sorriso de um véu? você acha que consegue distinguir?"



Os pombos que andam próximos aos meus passos largos, a cidade que não os vê, que não me vê, que não se vê. a cidade extritamente cega e desordenada das oito às dezoito. um canto de coletivo, um livro de bolso, fones de ouvido, algum blues velho e um cigarro meio amassado e mal guardado no bolso, mal tragado na boca, em frente... sempre em frente.

"Somos apenas duas almas perdidas, Nadando num aquário. ano após ano, correndo sobre este mesmo velho chão, o que encontramos? os mesmos velhos medos..."



Pink floyd - Wish you were here

Um comentário:

Adriano Queiroz disse...

Sua urbanidade é obscena.

Incansavelmente: parabéns!

Abraços.