6.9.12

Ao meio

Dor de cabeça, e toda metafísica construida entre minha nuca e meus olhos, perdida na enchaqueca que contrai meus pensamentos. dor de cabeça, e todos os pássaros cantando dos meus olhos para fora, toda a ardência da vida lá fora não são par nem verso dos meus pensamentos inflamados, da minha cabeça dolorida e alheia, me imponho meia hora pr'um verso, nada. uma hora, nada. minha cabeça como um enorme salão trêmulo de vozes ilegíveis, ecoando na inadimplência severa de mim para comigo mesmo.
me vejo na encruzilhada desta enorme sala, num banco de madeira com meu cigarro pela metade, calado, ruminando todas as frases escritas pela metade, todos os caminhos feitos em meia volta, todos os sonetos que findaram na segunda quadra, sou o poeta pela metade, o cigarro pela metade, a dor de cabeça pela metade.
mas ainda há a outra metade da cabeça a doer, a metade das frases, os tercetos dos sonetos e o meio cigarro, uma hora e meia ou duas para se escrever metade de algo, que diferença faz? o mundo lá fora está em paz, e eu ainda tenho metade do todo por terminar...

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