27.3.09

Amargo

O fumo é mais amargo no canto rasgado de minha boca, sangue e tabaco, masco e rumino como uma vaca prestes a ser goupeada nas têmporas, uma consciência douda desta previsibilidade amarga das cousas por elas mesmas, o mundo numa metafísica de filme em preto e branco com picotes e queimaduras redondas nos cantos, aos montes. nestes filmes o moçinho nunca ri no final, apenas masca tabaco do lado rasgado da boca, tabaco e sangue adoçam as horas petrificadas dentro de minha boca que rasguei às mordidas, no meu hálito forte e morto de tabaco.


- e eu tão pequeno, assim tão menor...


Lanegan - Blues for D

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Um comentário:

Naomi Conte disse...

leio e masco um cigarro deixado no canto da mesa, a ponta de ontem queimando sozinha no escuro do quarto.