27.2.15

A profusão


A profusão dos barulhos externos, os tons, os timbres, os desaprumos da cidade.
A sinfonia destoada da cidade é tão mais certa que os barulhos nítidos das pessoas.
As mesmas vozes, os mesmos timbres, a rotina contratual da co-existência,
pequenos universos provincianos de existir, pequenas almas glutonas por haver.
Antes o cheiro ácido de urina do centro pela manhã, antes o sol quente na nuca da caminhada qualquer,
antes todos os problemas do mundo, a solidão entre uma hora de cigarros e calçadas tortas.
A profusão da cidade, os timbres dos barulhos externos e distantes,
a confusão murmurada é sempre mais sedutora que qualquer delimitação do existir.

2 comentários:

Anônimo disse...

saber existir na fome da turba mal-amanhecida, na sangria citadina, nos dentes do mendigo pulsionados em tua língua narcotizada, na própria pequenez, ser só uma sílaba ou nem isso, ser só uma pulsão, um intento, pé-ante-pé na marcha de quem precisa bater-cartão, já batendo com a fuça nos muros.

tudo é delimitação, querido.

Anônimo disse...

Não há delimitação quando o coração é maior que a poluição dos dias.
Retorne para sua carapaça segura de inseguranças.
there is nothing for you here.